NÃO DEVEMOS TERCEIRIZAR A EDUCAÇÃO DOS NOSSOS FILHOS.

Por Rev. Manoel G. Delgado Jr.

Devido a grande repercussão da última postagem, sobre a necessidade de influenciadores digitais cristãos, e considerando as pertinentes observações e participações que a postagem resultou, dedico agora estas breves linhas para falar sobre o dever intransferível e permanente que os pais têm de educar os seus filhos nos caminhos do Senhor.

Nossos filhos são herança do Senhor (Sl. 127:3-5). Nos foram confiados pelo autor da vida. Nele, Deus, toda paternidade encontra o seu nome, significado e relevância. Os filhos, de acordo com o salmista, são flechas nas mãos do guerreiro (Sl.127.4). Esta metáfora evoca sentidos extraordinários para a paternidade.

Como flechas, os filhos permanecem um tempo na aljava (local onde se colocam as flechas), mas o seu fim não é a permanência no lugar de repouso. As flechas existem para singrarem os céus, rompendo a resistência do ar. Da mesma forma, os nossos filhos existem para enfrentar os desafios desta existência. Eles nos foram confiados por um tempo, mas logo precisarão ser impulsionados e direcionados para o supremo alvo, a glória de Deus. As flechas devem alcançar os alvos previamente estabelecidos. Os filhos existem para os propósitos eternos do Criador.

Como mães e pais, temos este nobre dever de ensinar os nossos filhos no caminho em que devem andar (Pv.22.6). Ensinar no caminho é diferente de apontar o caminho. Pais são guias espirituais para os filhos e não vendedores de mapas apontando uma mera direção. Pais são discipuladores, mentores e evangelistas dos seus filhos.

Aos pais cabe a instrução, a disciplina, a correção e a exortação (II Tm. 3.15-17, Tt.2:11-14). Pais não devem apenas sustentar materialmente os seus filhos. Isto é importante mas não é tudo. É possível ter o bolso cheio e a alma vazia. Pais não devem apenas investir na instrução e conhecimento dos filhos. Isto também é importante, mas insuficiente, pois conhecimento não é sinônimo de sabedoria, cultura não é garantia de civilidade. Pais precisam ser modelos nos valores, caráter e piedade. Exemplos de espiritualidade. Pais devem apontar para o céu.

Filhos não são autômatos, não são robôs. Eles foram dotados de personalidade singular e de uma natureza, que devido às inclinações do pecado (Rm. 3:23; 6:23, Sl.51.5), carecem da graça e misericórdia de Deus, bem como de redobrados esforços de nossa parte.

É certo que eles farão suas escolhas, nem sempre sábias. Cabe a nós auxiliá-los nesta jornada, lembrando que o dever primário de apresentar o Evangelho aos filhos é nosso. Devemos fazer isto em constante oração, para que o Espírito Santo os convença do pecado da justiça e do juízo (Jo. 16.8).

Se as correntes da cultura e da sociedade são de consumismo, individualismo, hedonismo, nós como pais precisamos ensiná-los a nadar contra a correnteza: pelo exemplo, pela disciplina, pelos valores da palavra (Rm.12.1-2).

Às vezes, os pais são avós, outras vezes apenas mãe, pai, ou representante legal. Os pais podem ser de geração ou de consideração, até mesmo de coração. Qualquer que seja o caso, se esta é a missão que o Senhor te confiou, em suma, se a sua aljava estiver cheia, seja agradecido, busque a Deus e faça o melhor que estiver ao seu alcance.

A prática do culto doméstico, leitura do catecismo e de clássicos devocionais cristãos; a disciplina devocional e a leitura diária das Escrituras; o investimento em programações e trabalhos da igreja; a constante oração em favor dos filhos; as conversas ao redor da mesa; a redução do uso de dispositivos tecnológicos, são apenas algumas sugestões do que pode e deve ser feito.

É certo que a escola e a igreja local, os amigos, bem como as mídias são importantes aliados nesta tarefa da educação e formação dos nossos filhos. Porém, esta tarefa é intransferível, urgente e inadiável. Sejamos pais!

Escrevo este texto como quem está nesta mesma estrada, aprendendo com a minha esposa e filha, a caminhar enquanto se caminha. Não temos fórmulas prontas, somos marinheiros de primeira viagem, mas temos os princípios eternos da Palavra de Deus, como nossa bússola nesta jornada. Deus abençoe!

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